sábado, 19 de abril de 2008

Mais um falando sobre o caso Isabela

Eu sei que tá todo mundo de saco cheio de ler sobre este assunto, ainda mais agora que parece que pegaram o(s) culpado(s). Não é esta a questão.

A questão é uma multidão se reunir em volta da delegacia pra só pra olhar ou para fazer coisa pior. Ontem uma pedrada acertou o Delegado. Aposto que não era este o alvo, ou melhor, aposto que a maioria das pedras não tinham um alvo predeterminado.

Eu questiono (já sabendo a resposta) se a menina tivesse sido assassinada lá no alto de uma favela a tiros de traficante - coisa que acontece todo dia no Brasil - quantos daqueles iriam pegar 2 ônibus, 1 metrô e faltar o trabalho só para "protestar" (uma mulher afirmou que fez isto). Como foi dito no Tropa de Elite: "passeata só ocorre quando morre rico".

Claro que é um fato que gera revolta. "Eu fui lá pensando no meu bebê. E se fosse a sua filha?". Concordo, se fosse comigo eu também teria vontade de pegar um 38 e descarregar no cara. Mas não foi a sua filha. Se a sua intenção é fazer o cara pagar (ou sofrer, como queiram) pelo o que ele fez, garanto que a melhor solução é deixar o julgamento acontecer e o assassino ir pra cadeia, pois lá ele vai se arrepender por cada segundo da sua existência. Agora a justiça pela suas próprias mãos, neste caso, só irá fazer mal a você e à sociedade.

Comparando com outro caso

Na época em que aconteceu o rolo lá em Criciúma um certo professor de Direito meu perguntou pra sala: o que vocês acham que deve ser feito com um cara desse (o que atirou a bomba)?

"Mete uma bala na cabeça" alguém respondeu.

Pensei que o professor ia confrontar aquela opinião ou até reprender tal comentário. Que nada: "Isso mesmo, tem que botar uma bala na cabeça. Ou melhor ainda, amarrar numa daquelas arvores da praça 15 e tirar um pedacinho dele por dia". Eu achei um absurdo um professor de Direito falar uma coisa destas.

Em outra ocasião, outro professor de Direito estava discutindo o mesmo assunto e alguém também sugeriu matar o cara que tinha jogado a bomba. O professor retrucou: "Eu até entendo a sua revolta, mas se formos fazer isso, teremos que passar um corretivo no código penal e escrever lá o que o senhor me sugeriu".

Então se é isso que vocês querem, se reunam e façam o projeto de lei para alterar o código para "quem matar uma criança devera ser apedrejado em praça pública". Há quem apoie esta idéia. Eu não.

Um comentário:

Nane disse...

Apesar de eu não aguentar mais ouvir falar no caso Isabela, gostei muito do seu post. Era exatamente o que eu tava pensando, que se fosse na favela ngm dava a mínima mas como é gente abonada...
fazer o que né.
Beijo
;*